sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Todas as mulheres que já fui nessas duas décadas de vida

Comecei a ser mulher no dia que comecei a ser gente, não sei se se é primeiro mulher ou primeiro gente, mas isso é assunto para outra postagem. 
Primeiro fui a menina (que é uma variação de mulher) mais linda do mundo, segundo meu pais, aquela que tinha cabelo de milho e não conseguia pronunciar "buraco", mas "buaco". Depois cresci mais um pouco, ou melhor, fiquei mais velha e fui pra escola. Meu primeiro dia de aula foi o pior possível e aí eu já era denominada uma menina grande que ia pra escola. 
Aos cinco anos meu pai me disse que íamos morar bem longe, em São Paulo. Eu fiquei com o que podemos chamar de "Alegria curiosa" é uma espécie de anseio pelo que estar por vir, só pra ver como é. Eu vi e não foi a melhor coisa: Agora eu era a menina que já estava grande para ficar em casa sozinha ( eu também acho super cedo pra uma criança de cinco anos ficar sozinha, mas...), eu odiava ficar sozinha, e senti muita falta da minha família, ai eu aprendi o quanto família é importante. 
Aos nove anos, eu vi minha mãe engordando, engordando... Nove meses depois me dei conta que além de menina grande eu era a irmã mais velha e ouvi aquela história de menina mais linda do mundo em terceira pessoa.
Na quinta série eu me tornei a menina que ia pra escola sozinha, no dia em que as meninas mais fortes da escola tentaram me bater eu fui a menina que teve que aprender a se defender sozinha.
 Na sexta série eu fui a mulher (ja podemos chamar assim) que dava seu primeiro beijo, o mais desajeitado possível, jurei que nunca mais ia beijar ninguém, mas um tempo depois eu tive que ser mulher para quebrar a promessa.
A parte mais legal dessa história foi o ensino médio, onde conheci minhas melhores amigas ( Na verdade, cada fase tem as melhores amigas...), tive que ser mulher para decidir a escola que ia estudar, pra namorar pela primeira vez, pra escolher o que queria ser pra sempre (tudo balela, pois até hoje eu ainda não tenho certeza.), ser mulher pra começar o cursinho, terminar o namoro e mudar tudo de uma hora pra outra (quando a mulher enjoa, não há quem segure!!!).
 Depois fui a mulher que arrumou o primeiro emprego, acordava cedo (e ainda estou nessa >.<), pegava ônibus lotado e sentia falta da escola, é uma fase difícil.
 Hoje sou uma mulher com um pouco de cada mulher que já fui, somado ao que sou agora.
Com um tempo a gente aprende que não seremos a menina mais linda do mundo para sempre, que a gente não cresci para os pais, mas pro mundo. A gente aprende que dinheiro é fácil de gastar e difícil de ganhar, que "Eu te amo" de verdade é uma loteria e que a única pessoa em que devemos contar e confiar de verdade é em nós mesmos. 
Eu quero ser muito mais mulheres na minha vida, uma mulher completa já foi todas as mulheres possíveis e impossíveis. 




OBS: Adorei a charge e resolvi colocar aqui. Mulher é uma incógnita mesmo!


Sem mais. 


Elizabeth.